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Por que nos afastamos de quem mais amamos?

A relação entre irmãos deveria ser um dos laços mais fortes, mas, na vida adulta, muitos se veem em lados opostos de um abismo silencioso. 

O que começa como uma pequena diferença de vida ou opinião se aprofunda, e a proximidade de outrora dá lugar a um convívio formal e, muitas vezes, doloroso.


Afinal, por que isso acontece? A psicanálise, com base nas ideias de Freud, nos mostra que as razões não são apenas as escolhas atuais, mas sim ecos de conflitos inconscientes da infância que se manifestam na vida adulta. Explore as feridas escondidas, os papéis não resolvidos e as mágoas não ditas que podem estar por trás desse distanciamento.


EVERTON ANDRADETerapia comportamental
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Segue abaixo, alguns temas que devem ser estudados:
  • Sentimento de traição e negação do passado: Quando um irmão muda radicalmente de vida, isso pode ser percebido, de forma inconsciente, como uma traição à infância e aos valores compartilhados. Não é a mudança em si que gera o conflito, mas a sensação de que o outro menospreza o que construíram juntos. O afastamento seria uma reação a essa dor.

  • Luto não resolvido pela perda do vínculo original: A distância pode ser um "luto mal vivido" pela perda do laço fraterno da infância. O irmão que segue um caminho de sucesso ou liberdade que o outro não alcançou se torna um "espelho emocional" que reflete fracassos, gerando inveja e culpa. O afastamento, nesse caso, é uma fuga de um confronto doloroso com a própria história.

  • Papéis familiares cristalizados: Desde a infância, cada irmão assume um papel (o rebelde, o responsável, o frágil). Quando um deles tenta mudar esse papel na vida adulta, o outro pode se sentir desconfortável e traído, pois a dinâmica familiar foi quebrada. O distanciamento é a única forma de evitar o confronto com a nova realidade.

  • Ausência de diálogo genuíno e repressão: Muitos irmãos mantêm uma comunicação superficial por anos, evitando assuntos significativos. Essa repressão de mágoas e ressentimentos não ditos se acumula, transformando o afeto em um convívio mecânico. O afastamento, então, é uma forma de escapar da exaustão de manter uma relação baseada em mentiras.

  • Rancor pela forma como lidaram com os pais: A maneira como cada irmão se relaciona com os pais na velhice ou lida com sua morte pode gerar ressentimentos profundos. O sentimento de ter "carregado o peso" sozinho ou de ter sido abandonado pelo outro cria um julgamento silencioso. O afastamento, nesse contexto, é um sintoma da incapacidade de perdoar.

  • Rivalidades silenciosas e vergonha: A competição e a inveja da infância, se não forem resolvidas, transformam-se em vergonha na vida adulta. O contato com o irmão se torna incômodo, pois ele continua a ser visto como um rival ou um espelho das nossas próprias inseguranças. O afastamento se torna uma defesa para não reviver o sentimento de insuficiência.




Publicações que confirmam os conceitos

1. Rivalidade, Inveja e Luto do Vínculo Fraterno:

  • Complexo Fraterno: Pesquisas e artigos acadêmicos, como o "O complexo fraterno: reflexões acerca do ciúme e da inveja entre irmãos", citam a visão de Freud sobre a rivalidade infantil. O texto confirma que a chegada de um novo irmão pode ser percebida pela criança mais velha como um "destronamento", gerando um conflito intrageracional (entre os irmãos).

  • Inveja e Comparação: Outras fontes reforçam a ideia de que o irmão atua como um "espelho", refletindo tanto o que se deseja ser quanto o que se teme em si mesmo. A inveja não é apenas o desejo de ter o que o outro tem, mas também o desejo de que o outro perca aquilo que possui. Essa dinâmica, se não resolvida, pode levar ao afastamento como uma forma de evitar o confronto com o próprio sentimento de insuficiência.

2. Papéis familiares e Dinâmicas Inconscientes:

  • Papéis Cristalizados: A psicanálise vê a família como o "primeiro palco da psique", onde papéis são atribuídos e tendem a se cristalizar. Quando um dos membros tenta quebrar essa "máscara", isso pode desestabilizar a dinâmica de toda a família. O desconforto e a aversão do outro irmão à mudança é uma forma de defender a estrutura familiar à qual ele também está inconscientemente preso.

  • Repressão e Falta de Diálogo: A teoria da repressão de Freud explica como pensamentos, mágoas e desejos considerados inaceitáveis são "empurrados" para o inconsciente. O texto sobre o afastamento confirma que a falta de diálogo genuíno entre irmãos é uma manifestação dessa repressão. Ao evitar conversas significativas, eles preservam uma "paz" superficial, mas a mágoa e o ressentimento continuam a agir em silêncio.

3. O Cuidado com os Pais e a Herança Emocional:

  • Conflitos de Herança e Cuidado: Embora não haja muitas publicações que tratem especificamente do rancor entre irmãos pelo cuidado com os pais, a dinâmica é amplamente discutida dentro do contexto dos conflitos familiares. O texto corrobora a ideia de que a ausência ou o excesso de responsabilidade de um irmão pode criar um sentimento de "julgamento silencioso" e transformar a relação em uma arena de disputa por reconhecimento e ressentimentos não ditos.

  • Sentimento de Traição e Rejeição: A ideia de que o afastamento pode ser um luto pela "infância perdida" ou um sentimento de traição por escolhas de vida divergentes é uma extensão lógica da teoria psicanalítica. O irmão que muda radicalmente de vida pode ser visto como alguém que "traiu a aliança primordial" do passado, e a dor dessa percepção leva ao distanciamento.






Livros e Artigos de Referência

  • Rivalidade e Ciúme Fraterno:

    • "O Complexo Fraterno: reflexões acerca do ciúme e da inveja entre irmãos" (título genérico de artigos acadêmicos sobre o tema). Pesquise por este título em bases de dados como o SciELO ou no Google Scholar para encontrar artigos de psicanalistas brasileiros que exploram o conceito.

    • Obras de Melanie Klein: Klein, uma das seguidoras de Freud, aprofundou-se nas noções de inveja e rivalidade. Seus trabalhos sobre as primeiras relações objetais da criança são fundamentais para entender a dinâmica de amor e ódio entre irmãos.

  • Dinâmicas Familiares e Papéis Sociais:

    • Obras de Sigmund Freud: Embora Freud não tenha se aprofundado diretamente no "afastamento entre irmãos", os conceitos-base de sua obra, como o Complexo de Édipo, inveja do pênis (em sua teoria original) e a repressão, são a base para entender as dinâmicas de poder e as máscaras que cada indivíduo assume na família.

    • "Estruturas da Família na Vida de Relação", de Georges Duby: Embora não seja um livro de psicanálise, aborda a formação dos papéis familiares e sua importância social.

  • Ressentimento e Relações na Vida Adulta:

    • "A Construção do Vínculo Fraterno", de Joyce McDougall: Neste e em outros trabalhos, a autora discute como as relações na vida adulta são moldadas pelas experiências da infância, incluindo a forma como irmãos se percebem e interagem.

    • "A Psicanálise e a Vida", de J. Laplanche e J. B. Pontalis: Este dicionário de psicanálise oferece definições claras e detalhadas dos principais conceitos freudianos, como a repressão e o luto, que são usados para explicar o afastamento.



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