Cognitivismo: A Mente como Processador de Informações
Conceitos e Definições: O Cognitivismo surgiu como uma contraposição ao Behaviorismo, que focava apenas no comportamento observável. A psicologia cognitiva, por sua vez, direciona seu estudo para os processos mentais internos que mediam a relação entre estímulo e resposta. A mente é frequentemente comparada a um computador, processando informações ativamente. O comportamento humano é visto como o resultado desses processos cognitivos.
- Processamento de Informações: A mente recebe, armazena, processa e recupera informações. Esse fluxo de informação é central para entender como pensamos e agimos.
- Esquemas Cognitivos: São estruturas mentais que organizam o conhecimento e as experiências. Eles influenciam como percebemos e interpretamos o mundo, moldando nossas reações e comportamentos.
- Atenção: A capacidade de focar em estímulos relevantes e filtrar distrações é crucial para o processamento de informações. A atenção influencia diretamente o que percebemos e, consequentemente, como agimos.
- Memória: Componente essencial do cognitivismo, a memória é vista como o meio pelo qual retemos e recuperamos informações passadas para uso no presente. Modelos de memória (sensorial, de curto prazo, de longo prazo) explicam como a informação é codificada, armazenada e recuperada, impactando a aprendizagem e o comportamento.
- Resolução de Problemas e Tomada de Decisão: O cognitivismo explora como os indivíduos aplicam estratégias mentais para superar obstáculos e fazer escolhas, o que se reflete diretamente em seu comportamento.
- Cognição Social: Como as pessoas percebem, interpretam e respondem umas às outras, incluindo a formação de impressões e estereótipos, é um campo importante que liga os processos cognitivos ao comportamento social.
Influência no Comportamento Humano: A abordagem cognitiva revolucionou a psicologia e a educação ao enfatizar que o comportamento não é apenas uma reação a estímulos externos, mas é mediado por nossos pensamentos, crenças, percepções e interpretações. Dificuldades emocionais e comportamentais, por exemplo, são frequentemente atribuídas a padrões de pensamento disfuncionais ou distorções cognitivas. A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), derivada dessa perspectiva, busca modificar esses padrões de pensamento para alterar as emoções e o comportamento.
Referências Sugeridas:
- Sternberg, R. J., & Sternberg, K. (2012). Psicologia Cognitiva. Cengage Learning. (Um manual abrangente sobre os processos cognitivos).
- Beck, A. T. (1976). Cognitive Therapy and the Emotional Disorders. International Universities Press. (Fundamentos da TCC e como os pensamentos influenciam as emoções e o comportamento).
- Kahneman, D. (2011). Thinking, Fast and Slow. Farrar, Straus and Giroux. (Embora mais focado em economia comportamental, é um clássico sobre os vieses cognitivos e a tomada de decisão).
Psicanálise: O Inconsciente no Comando
Conceitos e Definições: Desenvolvida por Sigmund Freud no final do século XIX, a Psicanálise postula que grande parte do comportamento humano é influenciada por processos mentais inconscientes. Desejos reprimidos, traumas de infância, memórias esquecidas e conflitos internos, embora fora da nossa consciência, moldam nossas emoções, pensamentos e, consequentemente, nosso comportamento diário.
- Inconsciente: É o conceito central da psicanálise. Uma vasta parte da mente que contém pensamentos, desejos, medos e memórias inacessíveis à consciência, mas que exercem uma poderosa influência sobre o comportamento.
- Estrutura da Personalidade (Id, Ego, Superego): Freud propôs um modelo estrutural da mente:
- Id: A parte mais primitiva da personalidade, movida pelo princípio do prazer, busca gratificação imediata de impulsos e desejos (fome, sexo, agressão).
- Ego: Opera no princípio da realidade, mediando as demandas do Id, as restrições do Superego e as exigências do mundo externo. É a parte racional da personalidade.
- Superego: Representa a moralidade internalizada, os ideais e as proibições sociais. Atua como uma "consciência".
- Mecanismos de Defesa: Estratégias inconscientes que o Ego utiliza para proteger a mente da ansiedade gerada por conflitos entre Id, Ego e Superego. Exemplos incluem repressão, negação, projeção, racionalização. Embora ajudem a proteger a mente, seu uso excessivo pode levar a patologias.
- Desenvolvimento Psicossexual: Freud propôs que a personalidade se forma através de estágios de desenvolvimento (oral, anal, fálico, latência, genital), onde a energia libidinal (sexual) se concentra em diferentes zonas erógenas. Conflitos não resolvidos nessas fases podem levar a fixações, influenciando a personalidade e o comportamento na vida adulta.
- Transferência e Contratransferência: Fenômenos que ocorrem na relação terapêutica. A transferência é a projeção de sentimentos e atitudes do paciente em relação a figuras importantes de seu passado para o analista. A contratransferência são as reações emocionais do analista ao paciente.
Influência no Comportamento Humano: A psicanálise oferece uma compreensão profunda de que muitos de nossos comportamentos, mesmo os que parecem irracionais ou autossabotadores, podem ter raízes em conflitos inconscientes e experiências da primeira infância.
Referências Sugeridas:
- Freud, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos. Imago Editora. (Um dos trabalhos mais importantes de Freud, onde ele explora o inconsciente através dos sonhos).
- Freud, S. (1923). O Ego e o Id. Companhia das Letras. (Apresenta o modelo estrutural da personalidade).
- Laplanche, J., & Pontalis, J.-B. (2001). Vocabulário da Psicanálise. Martins Fontes. (Um guia essencial para os termos e conceitos psicanalíticos).
Embora Cognitivismo e Psicanálise apresentem abordagens distintas para explicar o comportamento humano (um focado nos processos mentais conscientes e outro nos inconscientes), ambos enriqueceram imensamente o campo da psicologia, oferecendo ferramentas valiosas para a compreensão e intervenção nos desafios da mente humana.
Comentários
Postar um comentário