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Livro "Garra" de Angela Duckworth

 OLÁ. como você está se sentindo hoje?

Vamos trabalhar alguns assuntos que, conforme pesquisas e o livro citado abaixo, pode nos ajudar o sucesso em nossas atividades.

Meu nome é Everton Andrade e trabalho aqui algumas pesquisas, estudos e referências da internet, sempre buscando melhores práticas e aplicações para o desenvolvimento do comportamento humano.

No final desta postagem você encontra referências de estudos científicos sobre o assunto.

Segue uma breve explicação que encontrei nesta ótima referência de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=39h0hpQnPIA



GARRA!
Uma reflexão para mudanças de  comportamento.
Todos podem participar desta oportunidade de desenvolvimento!



Em 2004, uma psicologa norte-americana (com passagens por Harvard, Oxford e Penn University) foi convidada pela Academia Militar dos EUA, conhecida como Academia de West Point, para estudar uma situação que incomodava há décadas o Exército Americano: o fato de que 1 a cada 5 alunos selecionados pela Academia abandonava o curso antes de se formar. Mais intrigante do que isso, grande parte destes egressos desistia logo nas primeiras semanas do programa, quando os estudantes eram submetidos a uma rotina intensa de treinamentos, aulas e avaliações físicas e intelectuais.


O processo de seleçao de West Point pode ser comparado ao nível das melhores faculdades dos EUA. Todos os anos, mais de 14 mil estudantes de ensino médio aplicam para o processo de admissão da Academia. Apenas alunos indicados por pessoas relevantes da sociedade, com altíssimas notas no SAT ou ACT (espécie de vestibular, como se fosse o ENEM dos EUA), desempenhos excelentes durante todo o ensino médio e ótimos resultados em testes de aptidão física são aprovados pela Academia. Dos 14 mil candidatos, mais de 90% deles, aproximadamente 13.000 alunos, são rejeitados.


Em geral, os jovens aprovados em West Point são atletas das principais equipes esportivas de seus colegios e a maioria chegou a liderar alguns destes times. Por que alguem que passou pelo menos 2 anos se preparando para entrar na instituição e que cumpre rigorosamente todos os seus pré-requisitos, abandona o curso nos dois primeiros meses?


Era a resposta para esta pergunta que a psicóloga Angela Duckworth buscava em seus estudos em West Point. O que ela descobriu? Que não eram as notas obtidas em provas, nem os resultados do ensino médio, nem experiências de liderança ou capacidade atlética que definiam quem iria ou não completar o curso em West Point. 


O que definia quem eram aqueles que teriam sucesso nesta jornada, assim como em outros aspectos da vida, era um atributo que Angela nomeou como GARRA, a junção de duas outras características: paixão e perseverança. 



Resumo do Livro "Garra" de Angela Duckworth

Em "Garra: O Poder da Paixão e da Perseverança" (originalmente "Grit: The Power of Passion and Perseverance"), Angela Duckworth, psicóloga e pesquisadora, apresenta a ideia central de que o talento por si só não é o principal preditor de sucesso. Em vez disso, ela argumenta que a "garra" – definida como a combinação de paixão e perseverança em busca de objetivos de longo prazo – é o fator determinante para alcançar realizações significativas.

Duckworth, que passou anos estudando alunos de alto desempenho, cadetes militares, e competidores em diversas áreas, descobriu que as pessoas mais bem-sucedidas não são necessariamente as mais talentosas, mas sim aquelas que demonstram uma capacidade extraordinária de manter o foco e o esforço diante de desafios e contratempos.

O livro explora os seguintes pontos chave:

  • O que é Garra: A autora diferencia a garra do simples otimismo ou da esperança. Ela enfatiza que a garra envolve ter uma direção clara e um compromisso inabalável com um objetivo principal ao longo de muitos anos, mesmo quando há falhas ou a necessidade de começar de novo. É sobre ter paixão por algo e persistir incansavelmente.
  • O Papel do Talento vs. Esforço: Duckworth propõe a fórmula: Talento x Esforço = Habilidade, e Habilidade x Esforço = Conquista. Isso significa que o esforço conta duas vezes no caminho para a conquista. Uma pessoa com menos talento, mas com muito esforço, pode superar alguém mais talentoso que se esforça menos.
  • Como Desenvolver Garra: A boa notícia, segundo Duckworth, é que a garra pode ser desenvolvida. Ela identifica quatro pilares para cultivar a garra:
    • Interesse: Encontrar uma paixão genuína por algo.
    • Prática Deliberada: Esforçar-se para melhorar continuamente, saindo da zona de conforto e buscando feedback.
    • Propósito: Ter um senso de que o trabalho ou objetivo é maior do que a si mesmo, contribuindo para algo significativo.
    • Esperança: Manter uma mentalidade otimista e resiliente, acreditando na capacidade de superar obstáculos.
  • A Importância da Mentalidade de Crescimento: A autora incorpora as ideias de Carol Dweck sobre mentalidade de crescimento, argumentando que acreditar que suas habilidades podem ser desenvolvidas através do trabalho árduo é fundamental para a garra.
  • O Papel do Ambiente: Duckworth também discute como o ambiente (família, escola, local de trabalho) pode nutrir ou inibir o desenvolvimento da garra. Culturas que valorizam o esforço e a perseverança tendem a produzir indivíduos mais "gritty".


"Garra" desafia a noção popular de que o sucesso é predominantemente ditado pelo talento inato. Angela Duckworth defende vigorosamente que 

a paixão sustentada e a perseverança incansável – a garra – são os verdadeiros catalisadores para alcançar o sucesso duradouro e significativo 

em qualquer área da vida. 





Técnicas e Métodos para Desenvolver a Garra

A combinação de paixão e perseverança por objetivos de longo prazo

não é uma característica inata, mas sim 

uma habilidade que pode ser desenvolvida e fortalecida



Quatro pilares fundamentais

cada um com técnicas e métodos específicos para cultivar essa qualidade essencial:


1. Interesse: Desvende sua Paixão Genuína

O ponto de partida para a garra é encontrar algo que realmente o motive. Não se trata de seguir modismos, mas de identificar o que desperta sua curiosidade e entusiasmo.

  • Exploração Ativa: Experimente diversas atividades, hobbies e áreas de conhecimento. Participe de workshops, leia sobre temas variados, converse com pessoas de diferentes profissões.
  • Autorreflexão: Preste atenção ao que você gosta de fazer, mesmo quando não é obrigado. O que o faz perder a noção do tempo? Quais problemas você se sente impelido a resolver? Onde você busca conhecimento por puro prazer?
  • Diário de Interesses: Mantenha um registro de suas descobertas, pensamentos e sentimentos em relação às diferentes atividades. Isso pode ajudar a identificar padrões e preferências.
  • Conexão com o Propósito: Muitas vezes, o interesse se aprofunda quando percebemos como ele se conecta a algo maior, a um propósito que nos move.

2. Prática Deliberada: Aprimore-se Constantemente

Uma vez que você encontre um interesse, o próximo passo é aprimorar suas habilidades por meio da prática deliberada. Esta não é uma prática casual, mas um esforço focado na melhoria contínua.

  • Definição de Metas Específicas: Em vez de "melhorar no violão", estabeleça metas como "aprender a tocar a música X sem erros até o final da semana". As metas devem ser desafiadoras, mas alcançáveis.
  • Foco Total: Durante a prática, elimine distrações e concentre-se inteiramente na tarefa. A qualidade da atenção é mais importante que a quantidade de tempo.
  • Feedback Imediato: Busque feedback constante sobre seu desempenho. Pode vir de um mentor, professor, colega ou até mesmo de autoavaliação rigorosa. Identifique seus pontos fracos.
  • Superação de Limites (Sair da Zona de Conforto): Não se limite ao que você já sabe fazer bem. Busque desafios que o forcem a ir além de suas habilidades atuais. A melhoria acontece nas "bordas" da sua capacidade.
  • Repetição e Refinamento: Repita as atividades que são difíceis, corrigindo erros e refinando a técnica até que se tornem automáticas.

3. Propósito: Conecte-se a Algo Maior

A paixão é impulsionada pelo interesse, mas a perseverança é frequentemente alimentada por um senso de propósito — a crença de que seu trabalho contribui para algo maior do que você mesmo.

  • Identificação de Valores: Reflita sobre seus valores mais profundos. O que é importante para você na vida? Como seus interesses e objetivos podem se alinhar a esses valores?
  • Impacto Social: Pense em como suas ações podem beneficiar outras pessoas ou a comunidade. Mesmo em profissões aparentemente individuais, há uma conexão com o bem-estar coletivo.
  • Visão de Longo Prazo: Mantenha em mente o impacto de longo prazo de seus esforços. Isso ajuda a sustentar a motivação quando os desafios diários surgem.
  • Busca por Significado: Pergunte-se "por que" você está fazendo o que faz. Encontrar um significado mais profundo pode transformar uma tarefa árdua em uma missão gratificante.

4. Esperança: Cultive uma Mentalidade Resiliente

A esperança, no contexto da garra, não é um otimismo passivo, mas uma mentalidade ativa e resiliente que acredita na capacidade de superar obstáculos.

  • Mentalidade de Crescimento (Growth Mindset): Adote a crença de que suas habilidades e inteligência podem ser desenvolvidas através do esforço e da dedicação. Erros e fracassos são oportunidades de aprendizado, não limitações permanentes.
  • Reinterpretação de Fracassos: Em vez de ver um fracasso como o fim, encare-o como um feedback crucial. O que você pode aprender com essa experiência? O que precisa ser ajustado?
  • Perseverança Diante de Adversidades: Desenvolva a capacidade de seguir em frente mesmo quando as coisas ficam difíceis. Lembre-se do seu propósito e dos progressos já feitos.
  • Crença na Capacidade de Melhoria: Mantenha a convicção de que você pode melhorar, mesmo quando o progresso parece lento. A consistência é fundamental.
  • Foco no Próximo Passo: Em vez de se sentir sobrecarregado pelo tamanho do objetivo final, concentre-se no próximo pequeno passo que você pode dar para avançar.



Estudos Científicos Relevantes sobre Garra

Os estudos de Angela Duckworth e sua equipe foram pioneiros na pesquisa sobre garra e sua relação com o sucesso:

  • Duckworth, A. L., Peterson, C., Matthews, M. D., & Kelly, D. R. (2007). Grit: Perseverance and passion for long-term goals. Journal of Personality and Social Psychology, 92(6), 1087–1101.

    • Este é o artigo seminal que introduziu o conceito de garra na literatura científica.
    • Duckworth e seus colegas definiram garra como "perseverança e paixão por objetivos de longo prazo".
    • Eles desenvolveram a Escala de Garra (Grit Scale), um questionário autoaplicável para medir o nível de garra de um indivíduo.
    • O estudo apresentou resultados de diversas amostras, incluindo cadetes da Academia Militar dos EUA em West Point, estudantes universitários da Ivy League e participantes de um concurso de soletração (National Spelling Bee).
    • Os achados iniciais sugeriram que a garra, independentemente do QI, era um preditor significativo de sucesso em contextos desafiadores, como a conclusão do treinamento rigoroso de West Point e o desempenho acadêmico em universidades de elite. Também foi observado que a garra se correlacionava mais com a conscienciosidade (um dos cinco grandes traços de personalidade) do que com o QI.
  • Estudos Posteriores e Validações:

    • Após o estudo de 2007, Duckworth e outros pesquisadores conduziram diversas investigações para validar e expandir o conceito de garra.
    • Estudos em escolas públicas: Pesquisas em escolas, como as de Chicago Public Schools, demonstraram que alunos com maior garra eram mais propensos a se formar no ensino médio, mesmo controlando fatores como notas em testes padronizados e dados demográficos.
    • Estudos de desempenho e retenção: A garra foi consistentemente associada a melhores resultados acadêmicos (como GPA), maior retenção em programas de treinamento militar e maior probabilidade de alcançar diplomas de ensino superior.
    • Distinção de outros construtos: Pesquisas subsequentes buscaram diferenciar a garra de outros conceitos relacionados, como autocontrole. Embora haja uma correlação entre eles, Duckworth sugere que o autocontrole se aplica mais a desafios diários, enquanto a garra é sobre a perseverança em direção a metas de longo prazo.

Críticas e Debates Científicos

Apesar do entusiasmo e da popularidade do conceito, a teoria da garra de Angela Duckworth também recebeu críticas e gerou importantes debates científicos:

  • Overlap com Conscienciosidade: Uma das principais críticas é que a garra se sobrepõe significativamente ao traço de personalidade "conscienciosidade" (diligência, organização, responsabilidade), que já é amplamente estudado e validado na psicologia. Alguns pesquisadores argumentam que a garra pode ser apenas uma faceta da conscienciosidade ou que a mensuração da garra (a Escala de Garra) pode estar medindo principalmente a conscienciosidade.
  • Poder Preditivo: Embora Duckworth tenha encontrado que a garra é um preditor de sucesso, alguns estudos apontam que sua capacidade de explicar a variação nos resultados (o poder preditivo) é relativamente pequena, geralmente respondendo por uma pequena porcentagem da variância (entre 1.4% e 6.3% em alguns estudos). Isso sugere que, embora seja um fator, não é o único ou o mais dominante.
  • Problemas na Mensuração: A Escala de Garra, sendo um questionário de autoavaliação, pode ser suscetível a viés de desejabilidade social (as pessoas respondem o que acham que é esperado). Além disso, há discussões sobre a adequação das perguntas para capturar os dois componentes da garra (paixão e perseverança) de forma equilibrada. Alguns críticos sugerem que a faceta de "perseverança" é um preditor mais forte de sucesso do que a "consistência de interesses".
  • "Culpabilização da Vítima": Uma crítica social importante é que o foco excessivo na garra pode desviar a atenção de questões estruturais e sistêmicas (como desigualdades sociais, econômicas e raciais) que afetam o sucesso de indivíduos, especialmente em ambientes desfavorecidos. A ideia de que "se apenas as crianças fossem mais 'gritty', elas poderiam ter sucesso" pode ser vista como uma forma de "culpar a vítima" em vez de abordar as falhas do sistema.
  • Generalizabilidade e Treinabilidade: Há debates sobre se a garra é um traço estável ou se pode ser efetivamente "treinada" e ensinada por meio de intervenções escolares. Embora Duckworth defenda a treinabilidade, alguns pesquisadores questionam a eficácia de intervenções destinadas a aumentar a garra em ambientes educacionais e a sua tradução em resultados mensuráveis.

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